O artigo científico "Diel Variations in Cell Abundance and Trophic Transfer of Diarrheic Toxins during a Massive Dinophysis Bloom in Southern Brazil”, de autoria de Thiago Pereira Alves (UFPR; IF-SC) e Luiz Mafra Jr. (UFPR), retrata a transferência de toxinas diarreicas ao longo da cadeia trófica durante uma floração massiva de dinoflagelados do complexo Dinophysis acuminata no litoral de Santa Catarina. A estratégia amostral detalhada, com amostragens diárias a cada metro de profundidade, permitiu revelar uma relação notável entre a abundância deste dinoflagelado mixotrófico tóxico e a disponibilidade de presas – o ciliado autotrófico Mesodinium rubrum – associada à estratificação termohalina da coluna d’água durante a floração. Concentrações recordes de toxinas foram registradas nas células de D. acuminata neste evento, que ocorreu entre maio e junho de 2016 e foi o mais intenso já registrado no litoral brasileiro. Localmente, a floração resultou na contaminação de mexilhões Perna perna cultivados na Enseada de Armação do Itapocoroy, bem como de diversos organismos marinhos associados às estruturas de cultivo. Além dos mexilhões, as toxinas foram incorporadas por gastrópodes, poliquetas, peixes blenídeos e crustáceos de hábitos alimentares diversos, incluindo cracas, anfípodes, caranguejos e uma espécie comercial de camarões, Xiphopenaeus kroyeri. Assim, o estudo apoiado pelo INCT-Mar COI indicou que, por meio de transferências tróficas rápidas, consumidores de pescados podem ser expostos a níveis moderados de toxinas a partir da ingestão de uma variedade de organismos-vetores durante eventos tóxicos mais intensos. O estudo foi publicado em uma edição especial do periódico internacional Toxins (vol. 10(6), p. 232-251; https://doi.org/10.3390/toxins1006023.